sábado, 29 de dezembro de 2012

agora que o mundo acabou ontem

                                                                                                   (escrito antes do fim do mundo)

agora que o mundo acabou ontem, será um para sempre não foi. só os sonhos e as baratas se salvarão, pois, como já era sabido desde antes, os sonhos daqui não são -- sonhos pertencem ao lado de lá. quanto as baratas, bem... baratas são dinossáuricas aladas noturnas devoradoras de pesadelo. barata é indispensável susto, medo que anima a vida: ei! acorde aí! bom dia, vida! tá ruim? mas é vida! e é por isso que não se alcança sonho -- sonho é inspiração. poros sanilizam sonhos o tempo todo... sonho é suor, não mérito. sonho não é pra ser lembrado, antes, nasce para ser esquecido, natimorto tadinho! mas o mundo acabou e todo ar e inspiração me foram privados ontem à noite, ou de tarde. agora já não se sabe e, de fato, diferença nenhuma faz, do não-ser-ou-estar onde estou...


domingo, 23 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte -218)

atravessei um campo repleto de botões de zumbis
transversei-o em campo de lírios cor de carmesim...

a míope sensação de vida inicia a partir desta linha:
"mi vê uá cinza di cigarruaê, til!" disse o maltrapilho, pobre diabo

(apenas através da bala, uma só, na cabeça, do outro lado o buraco
quase um furinho seria, e resolveria tudo fá-sim-fá-sim -- é...
sangue? sangue seria pouco, quase nenhum!
num dá nem pra urubu com fome comer
porque é coisa ruim, encosto do cão...

-- antropofagiza issaê só, pra vê o caô da má-digestão que vai dá?!)

"me faz uma chupeta que eu te dou uma prata, menó!"
"já é, vamu ali, chegá só..."

contemplar a beleza da rodela de esmegma
da piroca roliça e mole, melecada, da minha musa cracuda!
mudinhas de pentelho mal-ensaboadas, uma aqui outra ali
evidenciando o futuro dum homem que jamais iria existir
que só nasceu por nascer, pra viver à beira do -- por aí!
hálito putretino, dentes enegrecidos onde tinha
cabelo crespo, olhos de ameixa e pele negra retinta

"-- agora beja minha boca ardente!"
eu implorava na febre da farinha!
meu cu corola de girassol
piscava feito farol
guiando pro naufrágio!

bejo sucedido de soco na boca do estômago
carteira, celular e coito -- sumiu na neblina...

agora só me resta a dor da inspiração
e a acusação de corrupção de menor
ó vida ingrata, ó vida indigna!
o salário do pecado é a própria vida
-- morte é lucro

domingo, 9 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte 0)



derreteu...
essa é a sensação

todos os olhos voltados pra mim
      eu sou o centro do universo
deus me escolheu pra nomear
                     os sem nomes

já é quase manhã
céu roxo, róseo e lilás
 guardiões e sentinelas
            já se renderam

a lua se escondeu
na costa do horizonte
 (ontem liquefeito hoje
    em forma de orvalho)

ninguém e nada entre
linhas
plataformas
trens
cuidado com o vão
entre...

plantado na boca
o assassino me beja
é dele a vida cuspida em semente
um quiçá moreno dentro da minha boca
que custou vinte reais, somente, nem!

ah, genet! eu sô mais suja que tua nossa senhora!
ai, rimbaud! quem me arrombô no teu barco à deriva?

eu não tenho medo do vazio sonoro da folha
do traçante vermelho da cápsula na cabeça
da pedrada fumuda em dezideia burlesca
nem da certera metamorroida no vaso


sô anja varejera, meu amor!
  
ó, père lachaise! ó, caju e jão batista!
ó, irajá! ó, ricardo de albuquerque!
ó, sonhos exumados de persefone!

lida e morta
ou morta e lida?
ou os dois?
ou nenhum dos dois?.
tanto fez ou faz!
o que fiz, afinal, eu?
nada, da vida, nada!
nada que prestasse!
nada à vista!
veja
satélites rastreando o olho do meu cu
anúncio de fejão em tripé-falo alienígena
waly salomão empreguete de allen ginsberg
(ó, drummond! os suicidas estavam certos!)

o que seria deste poema de merda
se (eu) não estivesse incompleta?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte I)



franz kakfa bejô
o meu edí...

afogou-se no meus
pentelhos meduzã
chupando minha
virilha ‘patafísica
de maga patalógica

(afffí! meus sonhos escondidos
de diazepam)

– iluminação, hum?!
aqui o bagulho é doido
e o processo é metamórfico
e baratão

parangolem de periferia
guiodai rabino-imã
porta-estandarte da transbordante informação
em manchetes de jornais marrons
(vermelhos quando espremidos em
                                          laranja)

meinha, unção & afã
na tribo de benjamim & judá

o pacto de jonatas e davi:
enquanto um come, o outro dá
até que serene a estrela da manhã
até que a sereia sambe ao pisar na areia

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte II)


quem diria, meu amor?
eu e genet, duas em uma
suor, sangue, odor e cerveja

“–me he olvidado de la bella luna!”
– mó papo nada a vê, furado, morô?!
"–que qui é issu? não, fechamento!
com vizinho é sempre "sim",
fechô!"

porque  há o direito a:
não ter, poder e animar
o coisar pulsante, pululante
da coisa (que é santa e loca)

porque há o direito de:
soar absolutamente anônimo
como o silêncio
entre os
– espaços –
que tocam os dedos vendados

(poesia discreta e versátil,
zero afeminada,
procura:)

poema sobre poema
palavra sob palavra
isso, é só querer dizer essas coisas
e não outras

(II)

quero chamá-lo poema
quero chamá-lo xereca
quero chamá-lo qualquer coisa séria, muito
seria pouco pra tentar:
ele pulou da janela do pala-
VREADO
– o dano causado
porém foi pouco
– invalidez semântica
carimbado na carteira
de trabalho
sim, sinhô
-rita!

   quero chamá-lo caeiro
    quero chamá-lo viadu
quero chamá-lo nuchaku
                              ninja
quero chamá-lo pikachu
 quero chamá-lo jaspion

traficante humanista
triângulo retângulo
quadrilátero
cabelelero
do espaço

(III)

quero nomeá-lo segundo
as circunstâncias
quero iniciá-lo segundo
seu uso primeiro

(ele é vazio e incompleto
por si mesmo, já basta
isso por si só
vela,
eletricidade,
candelabro,
candeeiro...)

protex azul 
desbacterizandu o orí
  do homem do futuro

quero desvendá-lo, sonho de
maria, beijo do judas,
olho de araruta,
café,
cachaça,
amarula

acabou-se o fim!
instaurou-se o reino do meio!
tudo inacabado
entre nós três...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte II)


(I)

a anta tem a piroca
desproporcional ao seu
tamanho 
genital


o som tem
a velocidade do
corpo em chamas
na atmosfesra red-bullica
com vodka e gelo
na balada

– eu sei de minhas
verdades absurdas
em comparação com
a comparação das verdades
restantes. eu sou
a prova viva da poesia
embranquecida
amulatada
e negra – não, negra não!

genet e wilde jamais
sonhariam minhas
lamúrias tropicais!
mas eu
sou 
mais 


(II)

não espere promessas, recompensas
vestígios daquilo que eu
um dia fui

ó, o barco bêbado de rimbaud
passou e foi-se...

(jamais chuparia verlaine
por ser passiva e parda,
jamais daria prum
índio maludo ou dumdum,
se não pudesse aguentá-lo-la
--digo, sua caralha!)

tupi or not tupi
– eis a questona!

ai, na central do
brasil os sinos dobram!

a pegação no pan-ban-
quinho da hebe passa
impune

e eu sou tão teu king
tão brabuleta sonhada
e sonífera

velha angela pralini avistando
de costas pra frente, no trem,
us viaciadu desalinhadu
na linha de
ogum

(ah, meu pai! valei-me!)

sou a pós-modernidade tardia
que não existe (como dizem)
que é apenas um conceito
ou seja lá
o que  é
ou for
na gira da 
agoreidade

sou a tendência da
neve e suas
brancas cores distintas
pra cada ocasião
inuí

sou a cracolândia
personificada
em nossa senhora das flores
ou: rebeca vênus da barroquinha

(III)

sou apocaetanisíaca
em outras palavras
sou junqueira freire
esquecido no claustro
as escumas, de castro alves
– navio negreiro, queru sê não!

sou salvador
salvadora
daqui
dali
oxê
ói
ó

a sacizêra da barroquinha
barroquista zica brasilera
jamais existida pois
ninguém jamais a
viu, nem há
de ver
ora
só?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte III)

perdão, se nesta noite
não me entregarei!

cê sabe que, por você, eu fumaria
crack no copinho de
guaravita

por você, eu esqueceria
a previsibilidade da rima
o expectorante da tua tuberculose
e beijaria tua boca doente
de língua

na quebrada dus manu
eu fui toda quebrada
purque diferente da puta de alencar
deveras, puta eu era, fui e sou

chupava eu o zizerrudo cafuçú
de repente, é cano, é pau, é pedra
–  é o fim do caminho! gritaru os manu

enquanto isso, eu sorria
entrano na porrada
entretanto
exilada na (calada!)
do momento
calada!
vadia!
sangrando toda
absolutamente incompleta
sem uns dente aqui, umas costela aculá...

domingo, 2 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte IV)

santo! santo! santo! santo! santo!
santo! santo! santo! santo! santo!
ai, santa!
santa boca, santa carne
santa unha, santa ceia
santa bunda, santa vulva
santa tartaruga!
santa sereia!
santa, senta aí!
santa, se renda!
santa,  se rendinha!
santa, se seda!
santa, se exceda!
santa, com’ ‘cê ‘tava ‘desaparecida?
santa, ‘cê ‘tá cuma cara di-apodrecida!
santa, overdose de cocaína!
santa senhora da barroquinha
toda molhadinha, sem calcinha!
minha oração pra senhora será:
“enquanto for a vida ilógica
sem métrica, nem rima
só na janela imunológica!
só sem camisinha!”

sábado, 1 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte V)

rebeca vênus de milo du kaô! voz de rabeca rajada nu truque da stradivárias, enojadíssima nouvelle vague, patrícia
ridícula de araque!
rebeca vênus revendedora demillus!
madeixas ruivas rebentam no vento, pele cor dos sem sangue por dentro, 
rebeca vênus de milho com margarina!
vandaliza a libido masculina 
tua beleza vazia de
santa pomba-gira bêbada zigue-zagueando
monalisa invenção de intervenção basquiatiana
baile funk acari disfarçado de bossa-nova ipanema
palavras cheias de dedos na boca, cabeça oca jean-claude-van-dammeando no silêncio da má sina de querer causar apenas a impressão de ser mais uma mulher.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

à manjação da vontade


não desejo nada -- ter vontades é meu único capricho. a espontaneidade da vontade é brasa que não queima. às vezes, explode feito fogos de artifício colorindo o negrume da noite. comemora-se -- cinco minutos depois perde a graça. por ora, saber o que não se quer é mais importante, pois a vida é uma grande seleção eliminatória, deusa louca banhando os filhos fracos no lago infernal. não querer é caminhar à beira do despenhadeiro da morte, é paralisar a energia dos moinhos que movem a vida, é expurgar o câncer que adoece a alma. vontade: segredo revelado, vislumbrado e esquecido em seguida. contrária à verdade, cada vontade possui uma certeza absoluta e só e basta.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

à ver a eira do agora

na eira da pedra havia um caminho
havia um caminho na eira da pedra
na pedra do caminho havia uma eira

também com a existência se deu assim:
era preciso de haver algo ou depois ou antes
coisa metamórfica, tipo, gente assim de lua
que muda do nada a ver

no princípio (eu tenho certeza), preguiça
era virtude -- porque tudo levou muito tempo
até chegar hoje e desembocar naquilo que eu tô
imaginando como agora

domingo, 18 de novembro de 2012

quando a teoria não hidrata mais a pele

perdi a mão com tanta inspiração antiga e empoeirada na c...

as tarefas cotidianas são sempre manuais e cansativas. não é muito difícil fazer com que a mente se desprenda da gravidade do corpo puxado para o centro da terra...

no início, não, pra falar a verdade, foi depois -- deus criou eva que seria a "companheira". costelas a menos não seriam o menor problema. mas daí surgiu uma série de deveres jamais discutidos cortesmente -- como convém a uma mulher e a um deus. o que resultou em um equívoco histórico terribilíssimo: a mulher dos dias hoje...

aspiração pra guardador de memória, isso sim, eu tenho. guardar memórias é de uma utilidade absurda, imagina? cada lembrança é pedrinha única, coloridinha, no mosaico inacabado da vida (pois é, aqueles que procuram juntar razões pra racionalizar esse caos em estruturas e categorias, ou supor atribuições disto aqui ou aquilo ou acolá, ou problematizar o trauma dos histéricos e seus impasses maternos mal resolvidos, ou crucificar aqueles higienizados crônicos cujas bocas escovadas nunca chegam a cópula, ou vislumbrar a vida como uma linguagem cujo sentido existe em função do uso reincidente ou criativo dela mesma)...

minha vida hoje é louça inacabada de ontem sempre, veja você?!

e depois dele, aquilo que um dia fora entidade completa, tornou-se história ou ponto de referência na cartesiana organização temporal de um passado feio, obeso e cristão, cheio de marcos e datas e acontecimentos e reviravoltas. de repente, sem que ninguém se dê conta, um ente torna-se coisa que ficou pra trás, intátil cerâmica decorativa de estante, qualquer coisa gracinha de um real e noventa e noite. talvez eu tenha exagerado demais nas minhas divagações enquanto enxáguo o ensaboado pastoso. é absurdo como certas áreas são desengorduráveis, não?! não há produto que penetre, que  aniquile, que atinja ou extermine a gordura lá do fundo, bem escondida no cantinho, não há bolhas de oxigênio que dissolvem a...
-- uma vez agarrado pela gordura, já era.

não adianta esfregar com a ponta do dedo -- está tudo perdido.

a indústria da propaganda nos promete através de explicações científicas e de fácil entendimento, o quão limpo e imunes ficaremos após a utilização de produtos cuja sensação gordurosa nos causará a impressão de limpeza, aroma e maciez... e proteção.

cada um se protege como pode, né?

a gordura está na superfície, não penetra. gordura é transtorno e solução ao mesmo tempo.

(já eu, prefiro fazer a gordona de veias entupidas antes de cair nessa...)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

"niúma-dimei-cassei"

                                                                                                                                                         o da mansarda matim-matim quase nada sabia além de atravessar verbos intraduzíveis e tontear seculares substantivos petréficos. o da mansarda matim-matim não 'tava nem aí pra reprodução ilegítima do original, no contexto da ___________. o da mansarda matim-matim soletrava cântaros doblessílabos como quem ouvia passáros e estava feliz por simplesmente saber que ouvia passáros e nada mais. o da mansarda matim-matim solfejava palavrões como quem parabolava emboladas boladonas de vida mais viviva, dividada pra lá e pra cá. o da mansarda -- tá ficando chato pra caralho, hein... --, em sua bolha matim cunifé sabia: era daime qualquer miração volitante (que nem é boa nem má, purque nada pode estar sendo demais uma _______ só, ainda mais quando se está sendo apenasantimatéria) pra transmutar-se em pitorescas borboletas azuis.

o da mansarda fiú-dixô-cadeí-, niúma-dimei-cassei-, sempre 'tava por entre os espaços, se arrastando pelas frestas do silêncio que virgulavam nada após nada após nada, corredor de paralelas lâmpadas fluorecentes terminantes para dentro.

a sensação de estar em paz consigo consciente do ir-se perdendo alheio do si-ré-dó...

acabado singular por de fora, plural incabado e comovente por de dentro

 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

crônica minha 3-D on ice


tentei te ligar a cobrar. você não tinha bônus. enquanto eu fumava na laje pensando em você, me sentindo quadrado, cafona, romântico. tudo que eu pensava soava ter sido imaginado por outro alguém que não era o eu propriamente dito. não que tivesse um “eu outro” na história, ou o wando. a história era eu fumando na laje quando a polícia passou. se tratando de um campo grande, nesta história, poderia ter sido um céu grandão de estrelado, que poucos bairros com tamanho potencial imobiliário teriam visibilidade. luz de poste salvava de estupro, assalto e outras mumunhas mais. no entanto, era mais que isso...

tentei te ligar a cobrar. talvez rolasse algum bônus e eu não tivesse conhecimento. na laje à noite, a lua era do tamanho de um planeta na minha cara, entre o meu indicador e o dedão ficava pequenininho. enquanto o fumo subia da laje. a milícia da zona oeste tem nome de super-herói e – vai por mim – tem super poderes. mas aquilo ali era tão não sei o quê, que nem não dava pra acreditar de tanto medo, meu filho! e olha que eu nem curto ficcionalizar ponto de referência em prol do meu desconstruego escrevinhoredo – ó que humildade a minha, ó? desculpa qualquer coisa, tá?!

tentei te mandar um torpedo pra declarar guerra à minha saudade! mas era num campo tão grande que chegava a ser forever. e todas as casas eram financiadas pela caixa econômica federal. desemprego é anomalia semântica nesta historia, tá?! upis! quase esqueci que a vizinhança era de um pardo tão embranquecido que de tanta pena chegava a dar galinha. pisavam-se em ovos de ouro a cada quadra naqueles campos. daí – olha que nada a ver – eu me escondi por detrás de uma máscara que não era a minha (foi estranho pra cassete, de repente dar-se conta do nada que eu nunca fui e que por diversas vezes distraidamente eu me imaginava sendo).

 eu sempre soube que não nos conectaríamos! que daríamos sempre ocupados, invisíveis, offline. era tudo signo demais! muito ascendente, muito lua, muita babaquice astral! mas os campos eram grandes e na laje fumava-se alto. e sem mais nem menos – polícia satori! tudo ficou claro demais naquela noite de firmamento chapiscado de açúcar união. eu não era mais dali – eu agora estava lá. eu e marina, um monstro marinho cheio de algas e tentáculos -- um marinheiro só. logo eu: toda pembada! toda ridícula! toda olho de araruta! toda cheia de azedume no estômago! toda cheia de qualquer coisa que pulse ruim com cheiro de peido! toda dendê sem melado! logo eu, vil, assustadoramente vil e ladra! logo eu que era zero logus, zero grau – a mão toda poderosa tocou em mim, me abriu os olhos pro alto e avuou a minha alma na mão de marina.

eu nasci menina pastora e não sabia.

terça-feira, 24 de julho de 2012

primavera na gengiva

acorda, levanta
já passa da hora
do café passado

apressa, pé na meia
pé na tábua
pé apertado
sapato engraxado

boca escovada
bafo refrescado
cuidado com a gengivite!

unhas aparadas
sem pêlos na cara!
inodoro suvaco
orelha sem cera

cama arrumada
pão com manteiga
olha a hora, olha a hora
como voa na sua frente
migalhas na toalha da mesa

vamos lá,
chega de lamúrias!
vamos lá,
produza, produza!

mantenha os pés no chão
e mão na cabeça
e mãos à obra

levanta a mão pro céu! agradeça jeová!

não esqueça!
não esqueça!
rg só faz sentido acompanhado de crachá!

sábado, 21 de julho de 2012

é só fechar a janela

o choro da bananeira orvalhosa
suspiro inaudível de lamento sufocado
sem sinal.




sábado, 23 de junho de 2012

manifesta antropotrávica!


manifesta antropotrávica!
só a antropotrava é imune
intergalacticamente
                   subúrbio do mundo
                                  bunda suja do planeta
                                                      a inversão precede a invenção
                                                                              por pura
convencionalidade. carnaval féerico de sodómica putaria, mardi-gras pandemônico das escatologias. eparrei, minha mãe iansã! eparrei, maria padilha! salve todo o povo da rua, eparrei!
fervi or not fervi that is the question
                        pedofilia = castração química
                                               o homem subiu à lua
                                                           dos porões de hollywood
                                                                                  big-brother de mim mesmo
                                                                                                                      em tragédia 3-D
x-9 das absurdidades alheias, diletante das desgraças cotidianas. aqui é a lei do oeste sem lei! antropotrava: a dona do ponto. aqui o papo só é reto quando é torto. fé em deus, é nós, irmão!
porque a falta de clareza
também deve ser um direito.
                        mar de máscaras sem rostos, 
                                               o mundo na palma da mão
                                                                       à distância de um clique
                                                                                           tudo made in china. S&M?
todas as pastelarias periféricas, contrabandistas de kebabs, barraquinhas de bolinhos de aipim, patriótico churripão rioplatense, sincretizado acarajé baianico, ateus comedores de origamis
qual a tua identidade?
            qual a tua identificação?
                        leitura de retina, scanning das digitais,
                                               satélite hackeando o olho do cu.
       a memória, musa inventora da humanidade,
                                                                                                                envelhecida inverteu!
cafetina de puta pobre, trafica cocaína na vagina, faz boquete de graça em cracudo sujo na rua, contrai tudo quanto é doença venérea. há muito a memória não sabe quem ela era.
 não sabe se é tobi ou dolly-cola,
estética pão com ovo ou margarina,
            pintura rupestre de país emergente,
                                   história de lugar nenhum,
                                               tudo transmutado em rap-repentes-ultra-agóricos-cíceranos,
                                                                                  tribos inter-internéticas re-reticentes,
fistada pós-moderna de                                    PERTUB-
                                                                                                                          ARTE.