sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

acabou,


eu que não guardo emoção nenhuma em papel, meus sonhos suspensos de pipa devaneiam em misteriosas redes elétricas, eu que não tenho compromisso algum com a verdade sugerida, eu que tenho frases geniais, dignas de telenovelas, como por exemplo: isaura e eu nos parecemos tanto que não podemos ficar juntos, por isso o nosso amor não deu certo - eu que falo afetado e cheio de pausas, odeio discurso sentimentalista barato em alto e bom tom, eu disperso de humanidade & primeira pessoa do plural, eu que não sou mulher contra a ida, eu que dancei john travolta nos tempos da brilhantina, eu que nem mulher sou, eu que em janeiro morro de medo de mosquito e enchente, ando noite a fora, nua pela rua, eu que, acima de tudo, zelo pela lei do silêncio em cada palavra, eu que lembro & esqueço e não sei se lembrei e esqueci ao certo, eu que sequer abro a boca pra dizer coisa que preste, eu que fujo da vida me refugiando na sombra da palavra, eu que só leio livro cheio de vazio, eu que imagino o quão incrível seria o rumo que as coisas levariam se ao menos eu lembrasse daquilo que fora incrível há alguns segundos, minutos, dias contados de frente pra trás, eu que alivio a dor à base de analgésicos & antiácidos, eu curtocircuito, paranoico hipocondríaco, eu, curto ser assim, pequeno demais, feito formiguinha carregando folha nas costas, eu que nem sei se formiga tem costas, eu pura culpa judaico-cristã, eu queima de fogos em dia de chuva - (eu? google.) -, eu que só sei que nada sei que nada sei que nada sei, eu que sempre quis aprender a falar japonês e amo asas de beija-flor porque nunca as vi - daí eu amá-las tanto assim -, eu que cada vez mais sou roseira de vasinho terracota, eu que odeio eufemismo e superlativo, eu que tenho vaguíssimas impressões acerca de tudo, eu que sempre termino tudo lá pelo começo, eu que acredito no início feito fim mais breve,
eu acabei, acabou, acabamos

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

pensamento do dia:

morro alegando ser a maior injustiça da vida o fato dela não ter vindo com manual. deveria existir algum telefone, e-mail ou coisa parecida, do qual fosse possível contatar a assistência técnica e solicitar manutenção do equipamento. tenho superado o inferno de estar eternamente em hold pela grande operadora do universo. tendo que escutar musiquinhas irritantes enquanto observo as unhas roídas crescerem outra vez, aguardando o número do protocolo de reclamação, morendo de esperanças de ser atendido, ansioso pelo reparo.