terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

desapropriação

os olhos esbugalharam atônitos ao perceberem as maledicências que uma boca de caráter duvidoso cochichava aos ouvidos atentos. os cabelos denotavam perplexidade, ouriçando involuntariamente uma nuca despudorada; enquanto mãos espalmadas, irrequietas, titubeavam com as pontas dos dedos um par de joelhos indiferentes. o pescoço taxativo movia-se de um lado pro outro, explicitando total descontentamento. narinas curiosas logo se meteram onde não deviam, afirmando que algo não cheirava bem. os pés sequer moveram um passo de tanta indignação. dentes rancorosos rangiam amarelecidos de raiva. bochechas rosas, repletas de botões de cravos, enrubesciam tímidas. axilas tempestuosas suavam litros sobre uma tez anêmica com cara de defunta. mamilos enrijecidos deram uma de joão-sem-braço. o coração cardíaco tinha ataques claustrofóbicos – por isso vivia a base de medicamentos – dentro de um dorso apertado e escuro. a cintura não tinha nada a declarar além da própria inocência. é sabido que até as virilhas foram coniventes com o esquema. pernas trêmulas entraram em estado de choque ao terem conhecimento da tomada da bunda. a princípio o pau ficou puto, mas depois teve de ceder.
tarde demais: o buraco do cu havia sabotado o corpo inteiro.