domingo, 23 de dezembro de 2012

poemas cracudos (parte -218)

atravessei um campo repleto de botões de zumbis
transversei-o em campo de lírios cor de carmesim...

a míope sensação de vida inicia a partir desta linha:
"mi vê uá cinza di cigarruaê, til!" disse o maltrapilho, pobre diabo

(apenas através da bala, uma só, na cabeça, do outro lado o buraco
quase um furinho seria, e resolveria tudo fá-sim-fá-sim -- é...
sangue? sangue seria pouco, quase nenhum!
num dá nem pra urubu com fome comer
porque é coisa ruim, encosto do cão...

-- antropofagiza issaê só, pra vê o caô da má-digestão que vai dá?!)

"me faz uma chupeta que eu te dou uma prata, menó!"
"já é, vamu ali, chegá só..."

contemplar a beleza da rodela de esmegma
da piroca roliça e mole, melecada, da minha musa cracuda!
mudinhas de pentelho mal-ensaboadas, uma aqui outra ali
evidenciando o futuro dum homem que jamais iria existir
que só nasceu por nascer, pra viver à beira do -- por aí!
hálito putretino, dentes enegrecidos onde tinha
cabelo crespo, olhos de ameixa e pele negra retinta

"-- agora beja minha boca ardente!"
eu implorava na febre da farinha!
meu cu corola de girassol
piscava feito farol
guiando pro naufrágio!

bejo sucedido de soco na boca do estômago
carteira, celular e coito -- sumiu na neblina...

agora só me resta a dor da inspiração
e a acusação de corrupção de menor
ó vida ingrata, ó vida indigna!
o salário do pecado é a própria vida
-- morte é lucro

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