não desejo nada -- ter vontades
é meu único capricho. a espontaneidade da vontade é brasa que não queima. às
vezes, explode feito fogos de artifício colorindo o negrume da noite. comemora-se
-- cinco minutos depois perde a graça. por ora, saber o que não se quer é mais
importante, pois a vida é uma grande seleção eliminatória, deusa louca banhando
os filhos fracos no lago infernal. não querer é caminhar à beira do
despenhadeiro da morte, é paralisar a energia dos moinhos que movem a vida, é expurgar
o câncer que adoece a alma. vontade: segredo revelado, vislumbrado e esquecido
em seguida. contrária à verdade, cada vontade possui uma certeza absoluta e só
e basta.
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