(Raul Seixas)
desautomatizar... e se fazer escrever algo sobre a vida; a vida em função “repeat”; a vida que não funciona para ser contada; ser o sinal vermelho que interrompe sem parar o fluxo – porque o fluxo, ah, o fluxo... –, amigo, ele não pára! não atender a droga do telefone celular – vai desfrutar daquele novo velho som que você baixou na internet por pura piração, por não ter o quê fazer, por não ter saco de ler, por não ter saco de escutar as músicas favoritas, por não ter saco “de não ter saco”, enquanto conversa com um velho amigo novo, que não pára de fumar igualzinho a você, sobre como tudo passa rápido, as horas, os dias, semanas, meses, de repente é mais um ano – porra tudo passa rápido pra caralho! deixar a porra do telefone tocar! o fluxo segue sem pena, neguinho! A vida de novela mexicana, com direito a menina-pobre-ingênua-que-se-casa-contra-gosto-da-família-do-mocinho-rico-com-pretendente-também-rica-malvada-que-persegue-à-mocinha-e-tudo: "clichê" é o caralho! a vida que furou o CD e o vinil de tanto repetir, que te faz ficar ancorado no passado, perdendo tudo que acontece neste exato instante; sobre a vida que “aos trancos e barrancos” ainda se faz escrita... desautomatizando...
Um comentário:
Um dia você ainda acaba comigo nessas de tirar as palavras da minha boca, do meu papel. Velho amigo novo.
E um beijo estalado na boca.
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