toda vez que ele saía, sua ausência era preenchida pela impossibilidade do retorno. era como se cada atitude tomada por ele projetasse um feixe de luz difusa contra a realidade perplexa dos olhos torvelinos dela. olhos - satélites artificiais do pensamento -, pra quê te quero?
o que ela queria mesmo era se adornar de laços vermelhos - se perder no sumidouro do minúsculo adesivo dourado, ter a sentatez lacrada na abertura de um envelope subscrito "com amor", para finalmente morrer afogada no frescor de mil botões de rosas pálidas.
antes ele atendia aos chamados de querido, embora tivesse um nome próprio. hoje ele é alguma coisa imanentemente designável que, apesar de fazer algum sentido, carece de significado.
ele não passou de um equívoco que ela havia gerado no âmago de sua incompletude crônica.
2 comentários:
Caramba... Puta texto!
putz, valeu! acho que você é a primeira pessoa que posta algo e não é da minha família.
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