terça-feira, 2 de março de 2010

trans-tornado

quando havia cigarros, eu pensei em escrever sobre um certo filho da puta que havia roubado o golden label da minha dispensa alcoólica - mas passou. é que eu esqueci do maço de cigarro na cozinha. só um minuto, sim? agora sim: pelo menos deixaram uma garrafa de espumante de segunda, e apesar do paladar esquisito, eu a bebi com dignidade de veuve clicquot. qualquer dia eu acabo ateando fogo em mim mesmo. cigarros acessos, esquecidos & espalhados queimam em repouso dentro de cinzeiros milenares. o espumante explode garganta abaixo em milhares de bolhas cor de diamante, refrescando a ilusão de ficar puto à toa - talvez o ladrão tivesse um bom motivo. a sensação é um terço da dor de se ter a mãe estuprada, sabe? é por aí: vontade de dar uma mijada sem canto escuro apropriado, mastigar alho no café da manhã... meu corpo agora expira alho e eu todo sou reconhecido como aroma peculiar. o que é bastante perigoso hoje em dia, pois aromas peculiares quase sempre causam câncer, impotência sexual ou derrame. eu louvo a queima do cigarro no cinzeiro com gritos de aleluia, como fazem os negros do coral gospel. grito de peleja contra o senhor - ai de mim, pai abrãao, pois hei de lutar contra os anjos a favor de minha benção. ladrão filho da puta, fodeu com a minha cabeça!

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